Personal Reflection:
Creative Anxiety – Surfing, and Struggling, with Perfection
Collage, for me, is far more than the mere joining of fragments. It’s an immersion into a “sea of uncertainties,” a territory where anxiety and anticipation intertwine from the very first cut, the first overlap.
These reflections delve into the depths of that experience, exploring how creative anxiety, particularly when intertwined with the (damn it!) pursuit of perfection, impacts the pursuit of artistic expression.
The Uncertain Beginning, Amplified
The initial void, whether it’s a blank canvas or a surface ready to receive the first pieces, is a space of great tension. Creative anxiety arises from the imminent need to transform an abstract vision into something concrete, to materialize feelings and ideas into a visual composition.
The pursuit of perfection, a trait I try to control but which still drives me – damn it! – intensifies this tension. This was starkly illustrated last year when I attempted a new aesthetic direction for a client’s project. It was my third collaboration with them, and upon presenting the new style, the response was clear: “We understand, but we prefer your established collage style. That’s what we’ve come to expect and enjoy.” Suddenly, the artistic exploration became a battleground.
Normally, a project of this scale – the official poster for a three-day event – takes 15 to 20 days to reach near-completion. But this time, the struggle to reconcile my desire for a new style with my dissatisfaction with the old dragged on for three excruciating months. There were moments I considered giving up, a thought I quickly dismissed. Professional integrity is supreme; I never abandon a client or project, regardless of the challenges. My word is my commitment, and I take immense pride in my ethical approach. But, let me tell you, it was an absolute torture. Three months of wrestling with my own vision, battling the client’s expectations, and trying to salvage something I was increasingly unhappy with. It was a brutal test of my patience and my resolve.
The Magical Turning Point, and the Lesson Learned
However, even in this prolonged struggle, there was a turning point, a magical moment when creative anxiety began to shift. It was the internal click of harmony, the instant a specific element, an unexpected combination, resonated with my inner vision. In that moment, tension began to transform into flow.
Creative anxiety, once an oppressive force, gave way to a state of deep concentration. Time became irrelevant, and the collage transformed into an intimate dialogue between artist and artwork. Perfection never became helpful. I just stopped letting it control the process.
Final Reflections
Creative anxiety, though challenging, is an integral part of the creative process, especially when perfection ( damn it! ) is a driving force. And let me be absolutely clear: I do not agree with the notion that this pursuit of perfection is a positive thing. It’s a burden — a self-imposed cage that stifles spontaneity and truth.
Therapy? Oh yes, you bet.
Rather than something to be feared, creative anxiety can be acknowledged as a significant force within the artistic journey. Collage, at its core, is an act of self-discovery — a dance between uncertainty and harmony — where anxiety doesn’t shape the work, it hinders it. I actively strive to eliminate it from my creative process.
© Margarida Girão
Reflexão Pessoal
Ansiedade: Surfar (e Remar) com a Perfeição e Criatividade
A colagem, para mim, é muito mais do que simplesmente juntar fragmentos. É uma imersão num “mar de incertezas”, um território onde a ansiedade e a antecipação se entrelaçam desde o primeiro corte, a primeira sobreposição. Estas reflexões mergulham a fundo nessa experiência, explorando de que forma a ansiedade criativa, especialmente quando se cruza com a busca pela perfeição, influencia o processo de expressão artística.
O Início Incerto e Desconhecido
O vazio inicial — seja uma tela em branco ou uma superfície pronta a receber as primeiras peças — é um espaço de tensão. A ansiedade criativa nasce da necessidade iminente de transformar uma visão abstracta em algo concreto, de materializar sentimentos e ideias numa composição visual.
A busca pela perfeição, uma característica que tento controlar mas que continua a conduzir-me — maldita seja! — intensifica ainda mais essa tensão. Isso ficou particularmente evidente no ano passado, quando tentei seguir uma nova direcção estética num projecto para um cliente. Era a nossa terceira colaboração, e quando apresentei o novo estilo, a resposta foi clara: “Percebemos, mas preferimos o teu estilo de colagem habitual. É isso que esperamos e apreciamos.” De repente, a exploração artística transformou-se num campo de batalha interna.
Normalmente, um projecto desta dimensão — o cartaz oficial para um evento de três dias — leva entre 15 a 20 dias até estar praticamente concluído. Mas desta vez, a luta entre o desejo de experimentar algo novo e a insatisfação com o que já me era familiar arrastou-se durante três longos meses. Houve momentos em que considerei desistir, mas rejeitei logo essa hipótese. A integridade profissional está acima de tudo: nunca abandono um cliente ou um projeto, por mais difíceis que sejam os projetos. A minha palavra é um compromisso, e tenho um enorme orgulho na forma ética como trabalho. Mas, a verdade é que foi uma tortura. Três meses a lutar com a minha própria visão, a tentar corresponder às expectativas do cliente, e a tentar resgatar algo com o qual estava cada vez mais insatisfeita. Foi uma prova brutal de paciência e de resistência.
O Momento de Magia e a Lição
No entanto, mesmo neste processo prolongado, houve um ponto de viragem — um momento quase mágico em que a ansiedade criativa começou a dar lugar a outra coisa. Foi o clique interno de harmonia, aquele instante em que um elemento específico, uma combinação inesperada, ressoou com a minha visão interior. Nesse momento, a tensão começou a transformar-se em fluidez.
A ansiedade criativa, que antes parecia opressiva, deu lugar a um estado de concentração profunda. O tempo deixou de ter importância e a colagem tornou-se um diálogo íntimo entre mim e a obra.
Reflexões e Processos Finais
A ansiedade criativa, embora desafiante, é uma parte integrante do processo criativo — especialmente quando a perfeição está a conduzir o barco. E quero deixar isto absolutamente claro: não concordo com a ideia de que esta busca pela perfeição é uma coisa positiva. Não acho que seja útil. É um peso — uma prisão autoimposta que sufoca a espontaneidade e a verdade.
Em vez de ser temida, a ansiedade criativa pode (e deve) ser reconhecida como uma força real no percurso artístico. A colagem, na sua essência, é um acto de autodescoberta — uma dança entre a incerteza e a harmonia — onde a ansiedade não molda a obra, só a atrapalha. Faço um esforço activo para a eliminar do meu processo criativo.